Indicações de Iminência no Antigo Testamento

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A Escatologia da Aliança enfatiza o fato indiscutível de que o NT diz repetidamente que a vinda de Cristo, o fim da idade e a ressurreição estavam perto no primeiro século. Futuristas estão constantemente à procura de atenuar esta linguagem e evitar o poder da palavra. Uma das "válvulas de escape" é o argumentos oferecido do fato de que vários profetas do Antigo Testamento alegaram que o "Dia do Senhor" estava "próximo, à mão, etc," já em seus dias (por exemplo,Ezequiel 30:3; Joel1:15, 3:14; Obadias 14). No entanto, a Segunda Vinda estava mais longe para eles do que para os apóstolos do NT. Por que, então, devemos considerar o uso destes termos no NT como "na mão, perto de, em breve, etc", em seu sentido simples,mas não nestas passagens do Antigo Testamento? 

Resposta: Superficialmente, isso soa como uma sólida objeção contra a Escatologia da Aliança. No entanto, quando olhamos realmente para as escrituras percebemos logo que a oposição se baseia em alguns pressupostos falsos. Além disso, negligencia palavras enfáticas da escritura!

O primeiro pressuposto é que "o Dia do Senhor" é sempre referente à "Segunda Vinda";

Em segundo lugar, admite-se também que o Dia do Senhor deve ser uma vinda do Senhor literal, visível, e corpórea;

Em terceiro lugar, esta objeção ignora o fato de que o AT estabelece uma distinção entre Dias do Senhor que eram iminentes no AT, e o Dia do Senhor, que não estava perto!

A Antiga Aliança predisse o "Dia do Senhor." No entanto, o que não está provado pela oposição é que o dia a ser predito deveria ser uma aparição corpórea e visível do Senhor, ou, que é o mesmo Dia do Senhor previsto no Novo Testamento! Na verdade, não é! Vamos considerar um texto.

Isaías 34 é uma das descrições mais gráficas do Dia do Senhor no AT. Tomada literalmente, poderia descrever a dissolução do cosmos. No entanto, tome nota de vários fatos:

1.) A previsão é contra Edom (v. 8),e as nações;

2.) É o Dia do Senhor;

3.) O pó da terra queimaria dia e noite e para todo o sempre (v. 9, 10);

4.) Os animais selvagens lá habitariam, e as ervas cresceriam por lá!

Alguém pode dizer como a Terra poderia queimar eternamente, enquanto os animais e ervas daninhas cresceriam!? Será que devemos acreditar em animais de fogo?

Quando examinamos Isaías 34 à luz de outras profecias a respeito de Edom, e a progressão da história, certas coisas tornam-se aparentes.

1.) A destruição de Edom deveria ocorrer ao mesmo tempo da destruição das outras nações (Jr 25 / Ezequiel 25);

2.) A destruição de Edom deveria ocorrer pelas mãos dos babilônios (Jeremias 25:9), quando o Senhor rugisse do céu (Jeremias 25:30);

3.) O Dia do Senhor não estava perto de Isaías, todavia, estava perto quando Obadias escreveu (Obadias 15);

4.) Malaquias, o profeta, olhou para a destruição de Edom como uma realidade cumprida, e até usa a linguagem de Isaías 34 para descrever a destruição (Malaquias 1:2)!

5.) Os babilônios destruíram Edom, em 583 a.C., tal como previsto! (New International Standard Bible Encyclopedia Revisado, (Grand Rapids, Eerdman, 1988) idem Edom).

Então, Edom deveria ser destruída no Dia do Senhor. Aquele dia estava próximo quando Ezequiel, Jeremias e Obadias escreveram, e Malaquias diz que Edom havia sido destruída! Profecia cumprida! No entanto, evidentemente, YHVH não veio do céu, o cosmos não foi derretido. A Terra não foi incendiada, e não continua queimando.

Se quisermos ser bons alunos da Bíblia, devemos honrar sua utilização de diferentes tipos de literatura, incluindo a linguagem apocalíptica, metafórica! Que direito temos hoje de negar aos escritores bíblicos o direito de escrever metaforicamente? Observe agora Joel 2-3.

Joel 2-3

Tal objeção oferece Joel como prova de que os escritores do AT previram que o Dia do Senhor deveria ocorrer iminentemente. O que nãopercebem é que Joel falou de dois dias do Senhor! Nos capítulos 1 e 2, anterior ao verso 27 Joel declara que o Dia do Senhor estava próximo. Todavia, no versículo 28, ele diz: “Acontecerá depois”. Depois de quê? Depois do dia que estava perto!

Observe também que em 3:1, ele então diz: “Pois eis que naqueles dias, e naquele tempo”. Ele está se dirigindo agora ao dia "posterior", o dia que viria nos últimos dias. Isto é, por falta de melhor terminologia, “desígnio de iminência." (Termo meu)

Isto é comum no AT. É quando o escritor fala de eventos que estão longe de sua perspectiva, mas ele diz que quando o tempo esperado chega, os eventos previstos estarão próximos. Olhe para Deuteronômio 4:25-26 , por exemplo,

Quando, pois, tiverdes filhos, e filhos de filhos, e envelhecerdes na terra, e vos corromperdes, fazendo alguma imagem esculpida, semelhança de alguma coisa, e praticando o que é mau aos olhos do Senhor vosso Deus, para o provocar a ira,- hoje tomo por testemunhas contra vós o céu e a terra,-bem cedo perecereis da terra que, passado o Jordão, ides possuir. Não prolongareis os vossos dias nela, antes sereis de todo destruídos. (Dt. 4:25-26)

Este contraste entre um dia do Senhor perto, juntamente com o desígnio nos últimos dias, quando o Dia do Senhor estaria próximo, obriga-nos a perceber várias coisas:

1.) A linguagem do A.T. do Dia do Senhor estava sendo usada metaforicamente, já que os dias próximos foram cumpridos;

2). As instruções de tempo de iminência, em outras palavras, foram objetivas;

3). Os autores do A.T. estavam prevendo outro Dia consumador, que disseram enfaticamente não estava perto de seu tempo.

Significativamente, os escritores do N.T. jamais designaram iminência! Ao invés disso, eles sempre disseram que estavam vivendo nos últimos dias anunciados pelos profetas do A.T. (cf. Mateus 13:17, Atos 3:21-24;Hebreus 1:1-2, 2 Pedro 3:1-2, etc.) Isto é fundamental!

Além disso, tanto o A.T. quando o N.T. ensinam que a Segunda Vinda seria da mesma natureza que o Dia do Senhor no A.T. Jesus disse que viria"na glória do Pai" (Mateus 16:27), o que significa que ele viria como o Pai tinha vindo! YHVH nunca tinha vindo literalmente, visivelmente, e de forma corpórea!)

Para resumir, deixe-me fazer este argumento:

- A vinda de Cristo para estabelecer o Novo Céu e Nova Terra era o dia profetizado por Isaías 64-66 (2 Pedro 3:1-2, 13);

- A vinda de Cristo predita por Isaías 64-66 deveria ser um dia do Senhor, como Dias do Senhor anteriores, um Dia do Senhor histórico, não-literal e não-visível (Isaías 64:1-3);

- Portanto, a vinda de Cristo de 2 Pedro 3 - deveria ser um Dia do Senhor histórico, não-literal, não-visível.

Deixe-me estabelecer a premissa menor: 

“Oh! se fendesses os céus, e descesses, e os montes tremessem à tua presença, como quando o fogo pega em acendalhas, e o fogo faz ferver a água, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que à tua presença tremam as nações! Quando fazias coisas terríveis,que não esperávamos, descias, e os montes tremiam à tua presença”. (Isaías 64:1-3)

Isaías orou para que YHVH viesse para destruir a criação! Ele queria que o Senhor viesse e se manifestasse para as nações. Observe com atenção: ele queria YHVH viesse como Ele veio no passado: " Quando fazias coisas terríveis, que não esperávamos, descias, e os montes tremiam à tua presença " Você entendeu isso?

Notoriamente, YHVH nunca saiu do céu literalmente, visivelmente, e de forma corpórea! Ele nunca tinha descido e destruído a Criação antes! No entanto, o profeta disse que ele tinha feito! Esta é, inegavelmente, linguagem metafórica e hiperbólica para descrever a intervenção de Deus na história. Assim, o A.T. define e descreve a Segunda Vinda como um Dia como os Dias do Senhor no passado.

Agora, para não deixar quaisquer dúvidas, os escritores do Novo Testamento nos dizem enfaticamente que os escritores do A.T. não disseram, ao contrário do que nossos opositores alegam, que a parousia consumadora de Cristo estava próxima! Leia 1 Pedro 1:10-12:

“Desta salvação inquiririam e indagaram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que para vós era destinada, indagando qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito de Cristo que estava neles indicava, ao predizer os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que não para si mesmos, mas para vós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos bem desejam atentar.

Observe que os profetas do A.T. anunciaram a vinda do Messias para a salvaçã oeterna. Mas, para estes profetas do A.T. foi dito que a salvação na vinda do Messias não era para o tempo deles! Por favor, veja Daniel 12:1-13, onde Daniel previu a hora da ressurreição. E, foi-lhe dito que os acontecimentos do tempo do fim não eram para seu tempo! Esta é precisamente a questão em 1 Pedro!

Resumo:

- Os escritores do A.T. disseram que o Dia do Senhor estava próximo. E, o que eles previram que estava próximo estava realmente próximo!;

- A linguagem de proximidade era objetiva, é verdade, e foi cumprida!;

- A linguagem descritiva do Dia do Senhor não foi cumprida literalmente, mas, metaforicamente, nas interveções soberanas de Deus na história;

- No entanto, os profetas do A.T. não disseram que a parousia consumadora de Cristo estava próxima;

- O Dia do Senhor consumador – A Segunda Vinda de Cristo deveria ser da mesma natureza que os dias do Senhor anteriores.

Os escritores do Novo Testamento afirmam com muita clareza de linguagem que a parousia dos últimos dias anunciada pelos profetas, já no primeiro século, estava agora próxima.

Assim, a oposição demonstrou ser baseada em pressupostos falsos, e em afirmações falsas.

Autor: Don K. Preston
Tradução e Adaptação por Paulo Tiago Moreira Gonçalves